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A Baleia (2022)

https://a24films.com/search?q=the%20whale

Ano: 2022

Duração: 1h57

Elenco: Brendan Fraser, Hong Chau, Sadie Sink, Ty Simpkins

Direção: Darren Aronofsky

Roteiro: Samuel D. Hunter

Sinopse: no filme, acompanhamos os últimos dias de Charlie, um professor universitário e obeso mórbido, enquanto ele tenta se reconciliar com a sua filha antes de partir. 


Nota: 

Achei que nunca voltaria a esse blog, mas me senti obrigada a fazer isso depois de assistir a esse filme. Não sei por que raios, mas decidi ver A Baleia ontem, às 23h, antes de dormir. O resultado? Fui obrigada a me virar na cama de um lado para o outro, tentando me livrar do meu nariz entupido depois de chorar por quinze minutos seguidos como uma desesperada. Que filme, meus caros, que filme!


Eu tenho o hábito de procurar as críticas depois que já assisti ao filme, para tentar não enviesar a minha interpretação. Qual não foi a minha surpresa quando, ao lê-las, tive a clara impressão de que todos tinham visto um filme diferente. A esmagadora maioria estava elogiando a atuação de Fraser e de Hong e censurando todo o resto. 


Não nego que a atuação de ambos —  de todo o elenco, na verdade — foi magistral. Mas o filme não é incrível só por isso. O filme é incrível porque é humano, é cru e é doloroso. É o retrato puro de que nem sempre somos “felizes para sempre”. É a derrocada psicológica e, consequentemente, física de um homem que perdeu toda a razão de estar vivo. É uma crítica contundente aos males que a religião em sua acepção mais dogmática pode causar. 


Não concordo com nenhum dos críticos que disse que o filme é um retrato que reforça a gordofobia, retratando a obesidade como algo repulsivo. Muito pelo contrário. A obesidade ali é apenas a consequência física de uma impossibilidade de existir no mundo que se processava por dentro. Charlie não conseguir sair de seu apartamento é apenas a consequência de Charlie não conseguir sair de seu passado. Cada obstáculo físico que ele não supera corresponde a um psicológico que ele também não superou. 


Charlie fez o que conseguiu, com as contingências que tinha. Quem somos nós para julgar? Será que estamos fazendo tão melhor do que ele assim? É claro que eu gostaria que o professor universitário brilhante, uma das criaturas mais humanas e doces, o pai arrependido, o amante despedaçado, tivesse tido um destino diferente. Gostaria que ele tivesse procurado um psicólogo, que tivesse vivido o luto de forma saudável e encontrado o amor próprio. 


Mas quando no mundo as coisas são como queremos? Eu acho que o mais poderoso da ficção é a capacidade de retratar as realidades. As realidades duras, aquelas para as quais fechamos os olhos, aquelas sobre as quais dizemos: “não, comigo nunca seria assim”. Mas quem somos nós para julgar? Nós não somos Charlie. Nós não sofremos o que ele sofreu. 


Durante as quase duas horas de filme, eu exercitei a minha empatia a um nível que há tempos não fazia, e foi tão, tão gratificante! Apenas gostaria que mais gente assistisse a esse filme como ele é: o adeus de um homem que, por toda a vida, só quis ser amado e dar amor. Um homem que, até o último momento, adorou um ensaio e o recitou quando achava que ia morrer só pelo que ele significava. Um homem que defendia a honestidade acima de tudo, porque sabia o veneno que a falta dela poderia ser. 


Obrigada a todos os envolvidos por essa lição. Os últimos cinco dias com Charlie são uma das semanas mais preciosas que já passei na companhia de alguém.


Onde assistir: Paramount+ | Amazon Prime Video


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